PROFISSÃO DE FÉ
Uma semana ausente, viajando por Minas Gerais, interior e capital. Encontro com amigos e trabalho. Em casa de um desses amigos, Enoch Cangussu, encontro uma das minhas primeiras pinturas. Nunca vou me esquecer deste fato. Menino do interior da Bahia eu não sabia que havia escola de artes e que, pintura fosse coisa que valesse como profissão. Pintura para mim era o que eu fazia e minha mãe dizia "você está fazendo arte!" e me aplicava um corretivo daquela época, ou dizia "esse aqui pinta o sete". Mas esse amigo me incentivou a ir para Belo Horizonte para estudar artes, me permitiu morar em sua casa durante um ano e comprou minhas primeiras telas. Este fato mudou minha vida. E ali estava uma pintura desse tempo, um óleo sobre tela medindo aproximadamente 50x70cm. datada de 1983 - quando ainda estudava arte na UFMG.Um homem sentado em uma mesa com o cotovelo apoiado sobre a mesa e a cabeça apoiada em uma das mãos. (Os tons verdes e amarelos com vermelhos revela o meu interesse e descoberta de Cézanne, enquanto o olhar escuro e indefinido, influência de Modigliani). Um bêbado, um trabalhador, um sonhador ou todas essas coisas juntas e outras mais, essa figura traz à luz uma certa dor, tristeza e solidão, tema recorrente do meu trabalho até hoje, como a dizer com Vinicius de Morais 'sem um pouco de tristeza não se faz um bom samba não'. A tela craquelada solta, em alguns pontos, pequenas placas de tinta, revelando traços de uma outra pintura mais antiga por baixo. Trata-se de uma 'pintura sobre pintura', um procedimento comum nos processos artísticos mas que só mais recentemente elaborei como conceito e elemento substantivo em meu trabalho: a atualização contínua de telas soltas no atelier como forma de pintura. Revi com emoção este quadro carregado de tempo e intempéries. Ali estava um momento de uma aventura que começou no interior, quando eu desenhava a carvão e giz no chão e no fogão da casa e, com óleo queimado no portão do quintal e continua hoje em Vitória como caminho e profissão de fé.
Branca Bittencourt, Querida foi muito bom encontrar vc em BH e gozar do seu cuidado e atenção e também ver sua família. Li seu poema e curti a i´deia, voce tem fôlego heim? é bonito ver o carinho com as coisas simples, insignificantes até, mas o poema é muito longo, sugiro mais concisão, pode ser em prosa mesmo, poesia é sonoridade. San, Sandra Diniz, Sandro Dova Fausto Rangel Rangel, Hélia Márcia, Edna Mara Ferreira, Paula, Giulia Prado, Mário Margotto, Zé Mário, Gabriela Vieira, Magda Pandini Raquel Baelles Baelles. Marcos Rizolli, Marcos Venuto para falarmos de arte e sensibilidade.
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