quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

UM ANO DESENHADO

UM ANO DESENHADO. Faltam apenas dois meses para finalizamos este projeto de um Desenho por dia durante todo ano de 2015 (como escreveu Carla Viviane Roncarati. Será que ficará na história daqueles que tentaram até certo ponto, daqueles que conseguiram até o fim? Será bom rever todos esses desenhos e respirar fundo e dizer eu fiz isso? Tudo vai depender da lições que tirarmos de tudo isso, ou como escrevi em post da semana passada, dos significados que podermos dar a esta tarefa, a esses desenhos.

Muitas pessoas tendem a pensar que o significado de um desenho, bem feito ou mal feito esta nele em si, apenas, mas a verdade é que em um projeto como este ressalta muito mais o processo e a vivência de desenhar o tempo. O tempo às margens dos afazeres, o tempo doado ao desenho, ao exercício do fazer sem exigência de lucro, o tempo de resistência ligado à obrigação de cumprir uma meta absurda, como Sisifo, de empurrar uma pedra montanha acima e no outro dia, fazer isso de novo, por nossa própria vontade e além da nossa vontade. (como parece nos desenhos de Romelho Contreiro, Junior Da Fonseca Bitencourt, Carla Roncarati)

De minha parte, nenhum mês, neste processo foi tão difícil quanto o de Outubro; temi não chegar lá, mas de repente chega novembro e com ele o início da última volta. Vamos desenhar para trabalhar nosso tempo, vamos desenhar para viver. As vezes temos que propor projetos como este para trabalharmos nosso fôlego, para irmos além da mera vontade, para enfrentarmos a vida, porque a vida bate duro, muito mais duro do fazer um desenho por o ano inteiro.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

PAPEL DO ARTISTA

Estou em uma praia de águas transparentes balançadas por pôr um vento carinhoso e sonoro. O cenário é lindo de ser visto e gostoso de ser vivido. Olho em volta e tento desenhar, mas nada se coloca à minha mão, acho até, uma certa inutlilidade desenhar essas coisas que vejo, tão lindas que sao; melhor seria, me parece descrever, esta luz, estas águas verdeadas, esses bravos corpos que passeiam nestas areias e deixar certas imagens mentais flutuarem ao sol. Por que me parece uma inutilidade desenhar aqui? Eu me pergunto, talvez porque o que interessa ou, a beleza de um desenho, (de uma pintura) não está no objeto observado, mas no desenho em si, na sua feitura, na sua grafia; segundo por porque este belo cenário já é tão belo que pouco ou nada acrescento em Desenho, isto é, o desenho será sempre menos diante dele. Contudo, rabisco e encontro o problema desenhando: O desenho começa a se constituir a partir do vazio e não do cheio, do que que é estranho, não Do que é conhecido, das partes insignificantes deste belo cenário e não de sua beleza contagiante. Talvez seja possível dizer que, o que ja é belo, não precisa do artista, mas o que não é belo, o que é insignificante estes sim, precisam do artista para sair da insignificância, para vir a significar. Eis o papel do artista dar sentido, dar significado ao que parece não ter significação ou sentido.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

HAVERA PERDÃO? Ou até tudo isso ser apenas desenho

HAVERA PERDAO? ou até tudo isso ser apenas desenho - Mais um texto longo demais p facebook, por isso aviso não perca seu tempo, mas for teimoso vamos de Desenho saúde/doença.
Uma semana de consultas médicas, otorrinolaringologia, tratamento do sono e exames a fins. Agora mesmo escrevo com o olho direito dilatado, que explode de luz, portanto escrevo com um olho aberto o outro fechado. Faço alguns croquis das pessoas que esperam na sala. A televisão transmite notícias diversas - guerra na Síria, ocoktober Fest em Blumenau, festa nordestina em São Paulo, justificativas do deputado Eduardo Cunha da sua participação no rombo da Petrobras e outros rombos, um vereador no Rio Grande do Sul que deu chicotadas em um auxiliar de trânsito que o notificou por estacionar em uma vaga de idoso...
Algumas pessoas riem diante do absurdo dessa última... Eu sinto um pouco de raiva, imagino a cena: o vereador empodeirado do seu cargo que tem no carro um chicote e, faz uso dele batendo no rapaz que ao final não matou o vereador, nem quebrou lhe o nariz nem desferiu lhe uma tijolada no parabrisa do carro. Dà raiva, mas desenho com calma pontos linhas reconstruindo os rostos na sala de espera. Contudo as notícias me incomodam, a do vereador então! meu ímpeto seria de mandar uma tijolada no parabrisa dele, de quebrar-lhe o nariz; responder violência com violência, bravata com bravata....
Rabisco e pergunto ao papel: Até quando? Lembro me de um Desenho de Marcos Coelho : até vc continuar a ser um Desenho. Acho que agi assim, com ímpeto raivoso em quase toda minha vida. AgorA mesmo Localizo cenas desta modalidade desde a infância... Brigas de Rua, brigas de adoleScente, de jovens e de adultos. Tudo vaidade. Traços de um complexo de inferioridade querendo se superar. Hoje, se faço as contas mais perdi do que ganhei. Queria certezas, verdAdes, mas sou marcado pela incerteza, dúvidAs e isso definiu minha caminhada.
Na juventude e em alguns outros momentos imaginei certezas e fiz ou Faria qualquer coisa em nome delas. Era como partido político e se a vida tivesse me dado poder, eu teria sido talvez um ditador, em nome daquelas certezas, um Stalin da vida, ditador vingativo e cruel com os adversários e inimigos. Mas não, a vida não me deu poder ou eu não soube (não quis) construi- lo, assim não entrei para política, não me liguei a firmas poderosas, nem liguei a grupos partidários que se pretendesse longa duração. Minha inquietude me fez mudar de lugar diversas vezes, me fez também entrar em brigas que não eram minhas ou não eram corretas, a me afastar de pessoas que eram verdadeiros amores. Haverá perdão? As que tiveram paciência e bondade comigo permanecem, suportam minhas ausências, minhas impaciencias e/ou veem em meus desenhos fotografias esse traço do perdão, necessário a sobrevivência da cultura. Elas, eles veem em meu trabalho, alguma doação, essa Tarefa insana de criar imagens formas, retratos de um lugar que não temos acesso e que talvez me tenha sido destinado como desafio, necessidade ou caminho.
Venho buscando, e, nunca soube dizer o que quero, ou quis, nem que lugar escolher para ficar. E se soubesse, que lugar seria? Ou o que seria? Na minha vida inqueita, daqueles e de todos os dia, certeza, credo, lugar certo, Tudo me parecia comodidade, senão prisão, condenação, medo, loucura; neste contexto. Dizia a mim mesmo que se tivesse que enlouquecer que fosse tentando, buscando o que me daria prazer.
Falar isso não me dá a pecha de corajoso; não, sempre tive medo, medo da solidão, da pobreza, da dor, da inferioridade, da violencia e outros itens que não sei nomear. Talvez por ser taurino, como dizem algumas pessoas que acreditam nos astros, sou mais terra, do fazer, do garantir o básico, do não arriscar tudo.
Aos trinta anos busquei verdadeiramente meu primeiro emprego, um lugar com certa garantia e também com certa liberdade de viver e trabalhar - a universidade: um lugar onde poderia ensinar, aprender, constituir grupos, mesmo que passageiros, fazer arte e falar deste fazer. Um bom lugar para tantas inquietações, um lugar laboratório, atelier, que se estende a todos os lugares onde vou, pois, como diria Valery, onde quer que vá, vou como artista'.
Mas comecei este texto falando de consulta médica, sala de espera e de raiva, no caso do vereador do chicote. Não vou esgotar esses assuntos aqui, pois se releio alguns dos parágrafos acima, vejo outras trilhas que se bifurcam neste fluxo de pensamentos. Mas para concluir, vem a pergunta: quem vence essa batalha absurda, o vereador que chicoteou ou o rapaz que recebeu as chicotadas e não revidou? ...
Passeio com o grafite sobre o papel e sinto a gramatura áspera do papel. Gosto destes rostos com rugas e ar de espera que vou desenhando enquanto esperamos. Pm senhor com um olho tapado percebe que o desenho, disfarço, estamos ambos olhando as coisa com um olho só. Ou melhor, Com um olho dilatado e outro não, tenho dois pontos de vistas, opostos até, aos quais tenho que me adaptar
Aos teimosos que me acompanharam até aqui meu, obrigado pela paciência, energia e abraço!


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

UM ANO DESENHADO - OUTUBRO


UM ANO DESENHADO - OUTUBRO. Caros amigos do projeto "Um ano desenhado". Era para ter escrito antes e mais, Mas tantas coisas TEm me levado para tantas páginas! São Como linhas em um desenho, os afazeres do dia se multiplicam e as vezes tomam contam de tudo...
Mas a ideia continua, mesmo que seja um Desenho rápido, por dia, assim ao final do ano serão 365 desenhos. Aí então será a hora de rever todos, reorganizar, atualizar ou mesmo corrigir, redesenhar em alguns casos. Quero dizer com isso que depois ( ano que vem talvez), será a hora de retrabalhar todo o conjunto, de curtir os desenhos, de vê-los com olhos críticos, de tirar sumo deles, como diria Darcy Ribeiro.
Outubro chega e passa e a tarefa de continuar desenhando por força do projeto é quase uma condenação. Onde, quando haverá salvaçao? Lembro do mito de Sisifo que Iberê Camargo gostava tanto, comparando esse mito ao trabalho do pintor. Na mitologia sisifo é condenado a carregar pedras todos os dias montanha acima, mas os deuses, no mesmo instante as rola montanha abaixo. Assim é esse arrastar linhas pontos e linhas todos os dias, repetidamente, sobre páginas e mais páginas e, os deuses negando lhe significado ou importância. sim, aí um certo vazio se estabelece, Mas as vezes somos nós mesmos que nega esse significado ou importância e a tarefa se torna ainda mais penosa e solitária. De um lado é bom ver os desenhos dos colegas participantes do projeto, isso nos Da companhia, do outro acontece de extrairmos energia do próprio fazer e isso nos anima verdadeiramente e nos tira um pouco do vazio. Talvez esteja aí um traço de salvação, a arte como possibilidade de sanidade, como escreve Louise Bourgeois.
Certa vez perguntei a Amílcar de Castro se ele era religioso. Ele me respondeu que não muito, mas que tinha fé na arte, isso ele tinha demais, e fazia tudo com e nessa fé. E acrescentou que, muitas vezes em sala de aula, ele observava, um tinha fé 50 não tinha e que isso era duro!
Estou escrevendo aqui agora e pergunto sobre minha fé, ela é forte suficiente para remover motanhas? Não sei, sou mais dúvida do que certeza e, as vezes isso é a minha matéria. No curso deste ano escrevi muito sobre desenho, processo criativo, relação vida e arte e, encontrei neste diálogo energia para continuar, para empurrar munha pedra montanha acima. A expectativa é que esteja sendo útil e que assim possamos enfrentar os deuses que empurram nossas pedras para baixo, que assim possamos estar construindo sentido. Um grande abraço.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ARTE E PSICANÁLISE

Arte e psicanalise
Desde o ano passado colaboro, criando imagens, para as crônicas do psicanalista Antonio Carlos que escreve para duas revistas que circulam em Vitória-ES. Trago a crônica e imagem desta semana. Aquarela, nanquim, sobre papel, 32x22cm.
SE FAZER
O “se”, aqui, não tem o sentido das várias possibilidades morfológicas, nem mesmo a privilegiada conotação condicional: se você fizesse isso... Na verdade, você “se” faz isso! Isto é, essa pequena palavra expressa também uma condição subjetiva muito comum a todos nós, uma atividade passiva de se fazer alguma coisa.
As pessoas que nos procuram em nossos consultórios se queixam de seus problemas, desconhecendo que estes, apesar da parte que cabe aos outros, são arranjados por elas mesmas; elas se fazem, diríamos, problemáticas. Sobre isso, Freud se expressava mais ou menos assim: “O masoquista sempre coloca a cara onde possa receber um tapa”.
Somos todos, em alguma parte, masoquistas. Uns mais, outros menos. Em algum lugar, nem que seja por um pequeno devaneio, já sentimos pena de nós mesmos. Nesse sentido, numa certa divisão subjetiva, nos fazemos de vítimas sob a fantasia do olhar de um outro. Um olhar de compaixão em causa própria. O problema está quando permanecemos nesse estado, exigindo do mundo e das pessoas a reparação por um dano sofrido, por uma sensação de que nunca fomos amados suficientemente bem.
Então... Essa atividade passiva, se fazer ou me fazer, muda a lógica da causalidade e do efeito, onde de vítimas passamos a algozes de nós mesmos. Deveríamos mudar essa lógica, bem assim: do “Eu fico sempre doente” para “Eu me faço sempre doente”; “Eu estou sempre endividado” para “Eu me faço endividar”; “Eu não consigo passar em nenhuma prova” para “Eu me faço reprovar”; “Eu não consigo arrumar um namorado” para “Eu me faço ficar sozinha” etc.
Enquanto não invertermos a lógica da atividade passiva, continuaremos a ser vítima do destino, permanecendo numa reivindicação sentida de que a vida nos deve alguma coisa. Posição confortável, maneira justificável de se fazer mal sem se responsabilizar.


sábado, 26 de setembro de 2015

UM ANO DESENHADO

Aqui estou eu com mais um texto longo demais par Facebook, mas se você tiver tempo vamos falar de Desenho outras intoxicações. Acordo 1:00h da madrugada e fico zumbizando na sala. Aproveito para fazer o desenho do dia, será que o sono vem? Acho q daria mais sono estudar ingles, mas não acho o livro, assim um Desenho um pouco desengonçado para dormir, já ouvi vários artistas dizerem que fã isso. Será que funciona? Bem qualquer coisa feita horas a fio na madrugada acaba levando o sujeito pra cama.
EM Janeiro, quando iniciamos este projeto de fazer um Desenho por dia durante o ano de 2015 dizíamos 'trezentos e tantos desenhos nos esperam', agora quando leio uma postagem de um dos participantes que diz faltar menos de cem dias para chegarmos ao final, sou surpreendido pelo tempo, mas não tenho ainda a impressão de chegada. E explico, nesta via, cem dias se parecem com trezentos. Tenho impressão de estarmos desenhando o tempo e que o tempo é enorme e que nós somos breves. O ponto de chegada se confundirà com o ponto do começo, o finito com o infinito , aí? Aí mistérios hão de ficar por aí, como diz o Caetano Veloso.
MInha mulher se levanta e me chama para cama, arre fazer o que na cama, sei que nao vou consegui dormir, narinas obstruidas, ansiedade e vai por aí? Fazer amor podia ser uma boa, mas seria remedio?. Nos meus anos jovens Esta Seria via, gastava esta pulsão até me cansar, suar, gritar como um leão, agora temos o rivotril, que algumas pessoas chamam de sossega Leão.
Antes de ir para cama lembro que meu amigo e jornalista Joca outro dia me fez uma pequena entrevista em conversa de atelier. Eu ate quis 'responder' algumas de suas questões por aqui, mas acabei não conseguindo. Lembro"- dele ter me perguntado o que eu esperava deste projeto. Vou dormir por volta de 3:00h pensando na resposta que dei na ocasião
Acordei por volta das 8:30, meio zonzo, talvez pelo efeito do remédio, e sem ânimo.Parece que foi um sono de corpo, não de alma. Por isso decido nadar, uma vontade que vem se estendendo ha semanas, visto roupa de banho e Levo também roupa social porque tenho consulta com otorrino justamente para verificar meu problema do sono, as 11:15. Água cristalina. Uma braçada depois da outra,! Respiração 3/1 deslizo na água com prazer! Porque mão faço isso mais? Poderia Ter mais sono, mais ânimo, mais prazer como este.,,,
Ao final dA tarde, queria pintar uma tela grande, me lambubzar de tinta e dançar pintado, mas como? Parece que estou me contendo para quando o carnaval chegar. Respondi ao meu amigo algo assim: (lembram da pergunta do que eu esperava do projeto?) esperava ter realizado um bom trabalho de desenho e isso perpassava três pontos 1- o desenho si mesmo, nessa tantas páginas desenhadas, esperava verificar alguns esteticamente interessantes 2- ter um registro de desenho, diário ao mesmo tempo caderno de notas, e de descoberta de formas, de ideias que eu poderia explorar, desenvolver como poetica visual depois e, por ultimo, 3 - visto que várias pessoas aceitaram este desafio desenhando com teimosia, tropeço, desistência, recomeço, etc., esperava ter estimulado e contribuído um pouco, para o incremento do desenho, da observação, da prática artística diária da perceção e mesmo construção do dia a dia como possibilidade estética. Esperava também ter criado uma pequena comunidade afinada com o desenho, para não ficarmos tão sozinhos e pudessemos pensar desdobramentos.
Final da tarde recebi dois alunos para aula particulAr, dei orientações e desenhamos juntos, assim terminamos o dia. Vou para Casa caminhando. O vento na Ponte Ayrton Sena passa por mim como linhas e massas e me abraça. A escuridão da água é bela e asustdora, cheia de pontos e linhas brilhantes. A escuridão também desenha. Boa noite, bom dia!










quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Hoje só ponto e linha