Estou
em uma praia de águas transparentes balançadas por pôr um vento
carinhoso e sonoro. O cenário é lindo de ser visto e gostoso de ser
vivido. Olho em volta e tento desenhar, mas nada se coloca à minha mão,
acho até, uma certa inutlilidade desenhar essas coisas que vejo, tão
lindas que sao; melhor seria, me parece descrever, esta luz, estas
águas verdeadas, esses bravos corpos que passeiam nestas
areias e deixar certas imagens mentais flutuarem ao sol. Por que me
parece uma inutilidade desenhar aqui? Eu me pergunto, talvez porque o
que interessa ou, a beleza de um desenho, (de uma pintura) não está no
objeto observado, mas no desenho em si, na sua feitura, na sua grafia;
segundo por porque este belo cenário já é tão belo que pouco ou nada
acrescento em Desenho, isto é, o desenho será sempre menos diante dele.
Contudo, rabisco e encontro o problema desenhando: O desenho começa a se
constituir a partir do vazio e não do cheio, do que que é estranho, não
Do que é conhecido, das partes insignificantes deste belo cenário e
não de sua beleza contagiante. Talvez seja possível dizer que, o que ja
é belo, não precisa do artista, mas o que não é belo, o que é
insignificante estes sim, precisam do artista para sair da
insignificância, para vir a significar. Eis o papel do artista dar
sentido, dar significado ao que parece não ter significação ou sentido.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
HAVERA PERDÃO? Ou até tudo isso ser apenas desenho
HAVERA
PERDAO? ou até tudo isso ser apenas desenho - Mais um texto longo
demais p facebook, por isso aviso não perca seu tempo, mas for teimoso
vamos de Desenho saúde/doença.
Uma semana de consultas médicas,
otorrinolaringologia, tratamento do sono e exames a fins. Agora mesmo
escrevo com o olho direito dilatado, que explode de luz, portanto
escrevo com um olho aberto o outro fechado. Faço alguns croquis das
pessoas que esperam na sala. A televisão transmite notícias diversas -
guerra na Síria, ocoktober Fest em Blumenau, festa nordestina em São
Paulo, justificativas do deputado Eduardo Cunha da sua participação no
rombo da Petrobras e outros rombos, um vereador no Rio Grande do Sul
que deu chicotadas em um auxiliar de trânsito que o notificou por
estacionar em uma vaga de idoso...
Algumas pessoas riem diante do
absurdo dessa última... Eu sinto um pouco de raiva, imagino a cena: o
vereador empodeirado do seu cargo que tem no carro um chicote e, faz uso
dele batendo no rapaz que ao final não matou o vereador, nem quebrou
lhe o nariz nem desferiu lhe uma tijolada no parabrisa do carro. Dà
raiva, mas desenho com calma pontos linhas reconstruindo os rostos na
sala de espera. Contudo as notícias me incomodam, a do vereador então!
meu ímpeto seria de mandar uma tijolada no parabrisa dele, de
quebrar-lhe o nariz; responder violência com violência, bravata com
bravata....
Rabisco e pergunto ao papel: Até quando? Lembro me
de um Desenho de Marcos Coelho : até vc continuar a ser um Desenho.
Acho que agi assim, com ímpeto raivoso em quase toda minha vida. AgorA
mesmo Localizo cenas desta modalidade desde a infância... Brigas de
Rua, brigas de adoleScente, de jovens e de adultos. Tudo vaidade. Traços
de um complexo de inferioridade querendo se superar. Hoje, se faço as
contas mais perdi do que ganhei. Queria certezas, verdAdes, mas sou
marcado pela incerteza, dúvidAs e isso definiu minha caminhada.
Na juventude e em alguns outros momentos imaginei certezas e fiz ou
Faria qualquer coisa em nome delas. Era como partido político e se a
vida tivesse me dado poder, eu teria sido talvez um ditador, em nome
daquelas certezas, um Stalin da vida, ditador vingativo e cruel com os
adversários e inimigos. Mas não, a vida não me deu poder ou eu não soube
(não quis) construi- lo, assim não entrei para política, não me liguei a
firmas poderosas, nem liguei a grupos partidários que se pretendesse
longa duração. Minha inquietude me fez mudar de lugar diversas vezes, me
fez também entrar em brigas que não eram minhas ou não eram corretas, a
me afastar de pessoas que eram verdadeiros amores. Haverá perdão? As
que tiveram paciência e bondade comigo permanecem, suportam minhas
ausências, minhas impaciencias e/ou veem em meus desenhos fotografias
esse traço do perdão, necessário a sobrevivência da cultura. Elas, eles
veem em meu trabalho, alguma doação, essa Tarefa insana de criar
imagens formas, retratos de um lugar que não temos acesso e que talvez
me tenha sido destinado como desafio, necessidade ou caminho.
Venho buscando, e, nunca soube dizer o que quero, ou quis, nem que lugar
escolher para ficar. E se soubesse, que lugar seria? Ou o que seria? Na
minha vida inqueita, daqueles e de todos os dia, certeza, credo, lugar
certo, Tudo me parecia comodidade, senão prisão, condenação, medo,
loucura; neste contexto. Dizia a mim mesmo que se tivesse que
enlouquecer que fosse tentando, buscando o que me daria prazer.
Falar isso não me dá a pecha de corajoso; não, sempre tive medo, medo
da solidão, da pobreza, da dor, da inferioridade, da violencia e outros
itens que não sei nomear. Talvez por ser taurino, como dizem algumas
pessoas que acreditam nos astros, sou mais terra, do fazer, do garantir o
básico, do não arriscar tudo.
Aos trinta anos busquei
verdadeiramente meu primeiro emprego, um lugar com certa garantia e
também com certa liberdade de viver e trabalhar - a universidade: um
lugar onde poderia ensinar, aprender, constituir grupos, mesmo que
passageiros, fazer arte e falar deste fazer. Um bom lugar para tantas
inquietações, um lugar laboratório, atelier, que se estende a todos os
lugares onde vou, pois, como diria Valery, onde quer que vá, vou como
artista'.
Mas comecei este texto falando de consulta médica,
sala de espera e de raiva, no caso do vereador do chicote. Não vou
esgotar esses assuntos aqui, pois se releio alguns dos parágrafos acima,
vejo outras trilhas que se bifurcam neste fluxo de pensamentos. Mas
para concluir, vem a pergunta: quem vence essa batalha absurda, o
vereador que chicoteou ou o rapaz que recebeu as chicotadas e não
revidou? ...
Passeio com o grafite sobre o papel e sinto a
gramatura áspera do papel. Gosto destes rostos com rugas e ar de espera
que vou desenhando enquanto esperamos. Pm senhor com um olho tapado
percebe que o desenho, disfarço, estamos ambos olhando as coisa com um
olho só. Ou melhor, Com um olho dilatado e outro não, tenho dois pontos
de vistas, opostos até, aos quais tenho que me adaptar
Aos teimosos que me acompanharam até aqui meu, obrigado pela paciência, energia e abraço!
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
UM ANO DESENHADO - OUTUBRO
UM ANO DESENHADO - OUTUBRO. Caros amigos do projeto "Um ano
desenhado". Era para ter escrito antes e mais, Mas tantas coisas TEm me
levado para tantas páginas! São Como linhas em um desenho, os afazeres
do dia se multiplicam e as vezes tomam contam de tudo...
Mas a
ideia continua, mesmo que seja um Desenho rápido, por dia, assim ao
final do ano serão 365 desenhos. Aí então será a hora de rever todos,
reorganizar, atualizar ou mesmo corrigir, redesenhar em alguns casos.
Quero dizer com isso que depois ( ano
que vem talvez), será a hora de retrabalhar todo o conjunto, de curtir
os desenhos, de vê-los com olhos críticos, de tirar sumo deles, como
diria Darcy Ribeiro.
Outubro chega e passa e a tarefa de continuar desenhando por força do
projeto é quase uma condenação. Onde, quando haverá salvaçao? Lembro do
mito de Sisifo que Iberê Camargo gostava tanto, comparando esse mito ao
trabalho do pintor. Na mitologia sisifo é condenado a carregar pedras
todos os dias montanha acima, mas os deuses, no mesmo instante as rola
montanha abaixo. Assim é esse arrastar linhas pontos e linhas todos os
dias, repetidamente, sobre páginas e mais páginas e, os deuses negando
lhe significado ou importância. sim, aí um certo vazio se estabelece,
Mas as vezes somos nós mesmos que nega esse significado ou importância e
a tarefa se torna ainda mais penosa e solitária. De um lado é bom ver
os desenhos dos colegas participantes do projeto, isso nos Da companhia,
do outro acontece de extrairmos energia do próprio fazer e isso nos
anima verdadeiramente e nos tira um pouco do vazio. Talvez esteja aí um
traço de salvação, a arte como possibilidade de sanidade, como escreve
Louise Bourgeois.
Certa vez perguntei a Amílcar de Castro se ele era religioso. Ele me respondeu que não muito, mas que tinha fé na arte, isso ele tinha demais, e fazia tudo com e nessa fé. E acrescentou que, muitas vezes em sala de aula, ele observava, um tinha fé 50 não tinha e que isso era duro!
Estou escrevendo aqui agora e pergunto sobre minha fé, ela é forte suficiente para remover motanhas? Não sei, sou mais dúvida do que certeza e, as vezes isso é a minha matéria. No curso deste ano escrevi muito sobre desenho, processo criativo, relação vida e arte e, encontrei neste diálogo energia para continuar, para empurrar munha pedra montanha acima. A expectativa é que esteja sendo útil e que assim possamos enfrentar os deuses que empurram nossas pedras para baixo, que assim possamos estar construindo sentido. Um grande abraço.
Certa vez perguntei a Amílcar de Castro se ele era religioso. Ele me respondeu que não muito, mas que tinha fé na arte, isso ele tinha demais, e fazia tudo com e nessa fé. E acrescentou que, muitas vezes em sala de aula, ele observava, um tinha fé 50 não tinha e que isso era duro!
Estou escrevendo aqui agora e pergunto sobre minha fé, ela é forte suficiente para remover motanhas? Não sei, sou mais dúvida do que certeza e, as vezes isso é a minha matéria. No curso deste ano escrevi muito sobre desenho, processo criativo, relação vida e arte e, encontrei neste diálogo energia para continuar, para empurrar munha pedra montanha acima. A expectativa é que esteja sendo útil e que assim possamos enfrentar os deuses que empurram nossas pedras para baixo, que assim possamos estar construindo sentido. Um grande abraço.
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