quarta-feira, 28 de julho de 2010

DESLOCAMENTO algumas fotos

As fotografias da série DESLOCAMENTO seguem para exposição em Curitiba, (às partir de 14 de agosto) na Galeria Ybakatu, aproveito o momento para mostrar algumas fotos da série.
Desde a quando morava em Belo Horizonte, época da faculdade, me chamava atenção os ônibus coletivos cheio de passageiros passando para não sei onde. Principalmente à noite, costumava ficar parado na av. Afonso Pena, olhando da calçada, aquela "caixa" iluminada por dentro com suas sombras em movimento. Era os anos 80, e foi quando fiz minhas primeiras fotografias deste tema. Fotografia analogica, preto e branco. Fotografava, revelava e ampliava no laboratório da Escola de Belas Artes da UFMG. Depois montei um pequeno laboratório em casa, mas não me dediquei a este trabalho, na época eu dizia não gostar do trabalho de laboratório. Foi preciso encontrar um bom laboratorista em Londrina-PR, para junto com ele, voltar ao laboratório e me envolver definitivamente com a fotografia. A pçartir deste encontro, dei curso à série fotográfica: "Quando não se pode ver" e começei outras.

Em se tratando do tema urbano, a principio, eu não saia para fotografar, propriamente dito, saia para trabalhar, para fazer as coisas do dia a dia na cidade, saia para viajar, mas levava sempre a câmara e ia fotografando. Era uma maneira de estar no lugar. E assim começei a perceber que o instante e os acontecimentos diversos do cotidiano em um lugar qualquer, são muito interessantes. Qualquer lugar, por mais insignificante que seja, está em movimento e tem coisas acontecendo o tempo todo, é só prestar a tenção para ver, ver (como diz Dostoievsky) que a realidade é mais fantástica que a fantasia. Depois passei a sair para fotografar, pegar o ônibus e ir de bairro a bairro para descobrir imagens, porque queria vê-las em fotografia.
As vezes faço retrato, este é um dos que gosto muito: o rosto desta menina, a cor, o olhar, as mãos, o corte. (Vitória-es, 2009)

A transparência multiplica a imagen. É como uma aquarela, a riqueza está no atravessamento de imagens linhas e formas. (porta da Pinacoteca de São Paulo-2008)

Boulevard da praia. Vitória. Vista do ônibus, assim que parou para pegar um passageiro. A parede amarela atraz ilumina o espaço e esta bela morena, olha ao longe, como se estivençe posando para esta foto. Ela espera e brilha no espaço. Durante muito tempo não percebi a riqueza desta foto, só recentemente, ao selecionar as imagens para exposição na Ybakatu é que ela se fez para mim.












segunda-feira, 26 de julho de 2010

DESLOCAMENTO



PROJETO DESLOCAMENTO - Há muito tempo fotografo em trânsito, nas ruas, nos ônibus, quando viajo, quando saio de casa para realizar alguma tarefa na cidade, a caminho do meu atelier ou a caminho da universidade. Fotografia é uma forma de sair de si, de se interessar pelos arredores e querer ver esses arredores em fotografia. Não é tanto a factualidade do “isso esteve la” de Roland Barthes que interessa, mas o fato de estar em um lugar comum, de interagir com esse lugar e extrair dele conceito.

Estar em trânsito é estar em um lugar. Ônibus lotados, balanço agressivo nas curvas. Ruas esburacadas. Cansaço de um dia de trabalho. As pessoas apertadas em um retângula que se move. Com a câmara na mão começo e ver de outra forma este deslocamento.


Descansar, desenhar, conversar, ler, fotografar, criar imagens. Se não crio o lugar sou levado a pensar o tempo em trânsito como um tempo perdido. É nesta via que acontece este trabalho fotográfico dos coletivos urbanos que nomeio DESLOCAMENTO. Trata-se de uma inversão do transitar coletivo, da possibilidade de vê-lo como lugar possível de se criar, de subverter os estímulos diversos e intensos desses lugares, e para além, da crítica panfletária, vê-los, em fotografia, como possibilidades conceituais.

Desenho e fotografo em ônibus, metrôs e aviões nos diversos lugares e horários possíveis: O movimento das pessoas, cabeças recostadas nas poltronas, atentas, preocupadas ou aéreas, deixando o tempo fluir.

Janelas transparentes e a paisagem urbana passando, é diferente a cada momento. Chama a atenção. Paisagem que se opõe a nós, que afirma sua própria existência, que não se deixa vencer pelo nosso olhar ou pelo nosso desejo, mas que devolve a nós, o olhar que lançamos sobre ela e nos propõem reflexões. Vemos a infinidade de fatos e situações que nos ultrapassam, que não conhecemos, que não compreendemos. Somos convidados a descobrir, mesmo que por um instante apenas, um mistério, uma grandeza nas coisas e, a vivenciar uma experiência que, sabemos, pode estar em todo lugar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

QUEM DESEJA ISSO

Não dormi bem essa noite, creio que fui para cama com algo na cabeça e no corpo que gostaria de tirar, mas como se tira algo indesejável de si? e quem o colocou lá. A pergunta é insidiosa. Posso pensar em alguns nomes de pessoas, em meio à reviravolta dos acontecimentos do dia de ontem, procurando culpados, mas ao final só posso dizer que quem colocou e dourou esse " algo na minha cabeça" fui eu mesmo. E se eu o coloquei em minha cabeça, isso, de alguma forma, é meu, ainda que, no meio da noite indesejável, mas se fui eu quem o colocou lá e se isso me é indesejável, quem desejou ou deseja isso? Ao final da tarde (ontem), ao passar por um barzinho, bebendo cerveja com uns amigos comentei, "ainda bem que desenho, meu consolo, é que desenho, que faço essa coisa chamada desenho, que se desdobra em pintura, fotografia, textos, etc." Desenho, com raiva, medo, mágoa, inquietação e isso me faz reconciliar o sono ,às vezes , e me dá algumas alegria, me trás alguma sensação de beleza, me faz perguntar: quem deseja isso?

Recebo via internet, um livro de um artista amigo meu, o paraibano Walter Wagner, uma série de desenhos e pinturas, que acho admiráveis e isso me faz pensar nos desenhos que venho desenvolvendo, talvez tenham eles também alguma beleza.

Agnes, agradeço sua mensagem generosa. Obrigado. Sua solicitação para que eu continue a escrever é convidativa, mas terminada a disciplina que ministrei não é possível continuar a utilizar a plataforma, como professor. Mas é um prazer falar com vocês, falar de questões relativas a arte e vida, como vínhamos fazendo. Gostaria de continuar nossas conversas, se possível através deste blog, mas tenho que admitir uma certa dificuldade em manter a regularidade que um blog precisa. Quem sabe ? Transmita a idéia aos colegas. Um grande abraço, a você e a quem mais der notícias.
FA

sexta-feira, 16 de julho de 2010

SIGA NA IRREGULARIDADE

ESCREVI a amiga Mariana da Galeria Amparo 60 dizendo que continuava o trabalho de pintura da serie banhistas (que agora prefiro chama de banho). Perguntei: Estas pintura estão sendo bem vista aí? Gostaria de saber, porque trata-se de um pintura totalmente diferente das que vinha fazendo. Até já comentei isso com Lúcia, percebo que não sou um artista regular, com uma linha definida, mas de várias vertentes, não estaria aí um traço de pós- modernidade?

ELA respondeu as obras da serie banhistas acabaram de chegar na galeria com chassi. Alguns arquietos ja viram e gostaram muito! Realmente essa serie se diferencia muito dos seus outros trabalhos, talvez esteja aí pos-moderno mesmo... o trabalho é muito bom! Siga na "irregularidade"! BjsMariana.

SIGA na irregularidade, penso nisso

PENSAMENTOS IMPUROS

Leio Diários de Viagem, de Kafka (Ed. Atalanta, São Paulo, 1998)
Escreve ele, em janeiro de 1911 : "Eu deveria passar a noite escrevendo, tantas são as coisas que ocorrem, mas são todas impuras. E que pode isso passou a ter sobre mim,...[..]

Estas palavras de Kafka me estimulam a recomeçar a escrever este blog, um tanto
incerto, irregular, talvez impuro como escreve o escritor tcheco.