terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

AS PALAVRAS

4- AS PALAVRAS. Revejo uma série de desenhos com textos e me detenho em um deles: Susan Sontag fala de Elias Canetti: aprender a escutar o mundo. Estou em Londrina, acordo cedo, vou para a varanda, pego meu “diário gráfico” e desenho de olhos fechados os sons que escuto, chamo este exercício paisagem sonora, pois o emaranhado leve das linhas sugere sempre uma paisagem.. O dia amanhece fresco, a neblina empresta um ar bucólico, a natureza é calma por fora. Na impossibilidade de organizar de forma linear o que quero, ou que gostaria, ou o que penso que quero respiro o ar fresco da neblina e desenho-escrevo. Mas quero tanta coisa que não há lugar para tanto, me fala Fernando Pessoa. Eu não sou nada, mas aparte isso trago em mim todo o universo. Ou vesti o paletó que me deram e, quando quis me desfazer dele esta com a mascara gravada no rosto. Mas voltando a Canetti, gosto deste autor porque ele escreve bem e sua escrita para mim tem duas pegadas, uma é ser uma escrita sem ressentimento, por deus como isso é belo, outra, é ser uma escrita da escuta, é o que vejo em “A Língua absolvida” e “Uma luz no meu ouvido”. Canetti foi ameaçado, quando criança, de ter a língua cortada pelo amante da empregada, caso contasse o via, e ele ficou calado, com medo, remoendo este fato por anos, até que decidiu contar à sua mãe e percebeu então o significado de falar o que tinha guardado; aí, observa um crítico, acontece a absolvição da língua que da título ao livro. "A língua absolvida" representa a possibilidade de falar de ser livre na língua, a capacidade de tornar-se humano e realizar-se através da fala. Vem me então à mente um fato: anos atrás escrevi, em um quadro, a frase “cortar as palavras”, muito tempo depois ao relê-la senti desconforto e apaguei-a, mas ela me vem à mente porque até hoje pergunto o sentido dessa sentença
Juvenildes Costa Santos Branca Bittencourt Iriana Vezzani Lina MenezesEdna Mara FerreiraDel Pilar Sallum del salum e demais amigos como é um texto longo continuo próxima semana, ok?)
Valdete Vazzoler, bom saber de você, em maio, possivelmente 15 estarei em Londrina para lançamento de um livro no Museu de arte.
Regina Menezes, tenho no coração o nosso encontro, nossa conversa, penso ainda em criar um blog, quem sabe?
Zé de Rocha, nossa conversa sobre desenho foi realmente muito mas guardo o impacto do seu desenho na parede, que vitalidade!

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