
FOTOGRAFIA DE CORTE. Continuando esta série. Não sei se já disse:
Trata-se de rever fotografias guardadas há mais de 20 anos em gavetas e
envelopes e o corte no próprio negativo, destruindo parte da imagem,
criando um lado escuro, uma ferida estética, digamos assim. Esse gesto
faz eco com o corte do tempo, que é próprio da fotografia, permitindo
um novo olhar sobre o passado, sobre as imagens guardadas em arquivos
“mortos”. Mas o passado não passou, não morreu, não acabou.
Por este corte, fotografias privadas podem vir a público e tocar o
presente. Como nos cortes da censura que colocava tarja nas imagens de
nudez até pouco tempo no Brasil, esta série de fotografias, feita com estilete e
tesoura rasgando diretamente o negativo, lembra o estatuto do proibido em nossa cultura e
permitem ver, com Margarite Duras que “nada é mais público do que o
privado”.Fotografias analógicas, com negativos cortados, 1997-2012
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