terça-feira, 21 de abril de 2015

FRESTAS. Ou duas HISTORIAS FILO CARNAVALESCAS




Aqui estou com mais um texto longo demais para Facebook, aliás dois, duas histórias, sendo uma delas, um tanto cabeluda. Pode parecer mentira, mas é real. Para o coração puritano pode parecer assustador, sujo, para o realista trata-se das cores da própria vida. Afinal, poesia é a beleza da contradição.

Vamos lá. Feriadão de 21 de abril. Tento encontrar uma imagem para capa do catálogo da próxima exposição. Tiro alguns desenhos antigos da gaveta e vou cobrindo de preto, criando " frestas". Título feliz, dado pela amiga Vânia Barbosa em conversa aqui no face. Descubro no verso dos referidos desenhos anotações picantes filosóficas. Transcrevo duas delas, conforme mencionei acima:

A primeira: Li em uma entrevista de Zeca Pagodinho que ele compôs um samba que dizia "você é o embrulho que que eu carrego..." mas, ao final ele não gravou este samba porque alguém do seu grupo comentou " nossas mulheres não vão gostar que gravemos isso". Tudo bem que isso não é grande letra, mas o fato de não grava-la devido a uma razão social me pareceu revelar a superficialidade da própria música em questão, uma fraqueza. Isso me incomoda, mas me pergunto o que eu faria no lugar dele ou deles? Respondo: certamente faria o mesmo. Não sei transgredir as regras sociais, como também não sei obedece-las. Então, dir-se-ia que sou um revoltado, mas não. Melhor seria dizer que sou um adaptado (um mal adaptado), um sobrevivente, mais próximo da covardia do que da coragem e que, de revolta trago apenas a teimosia. (Setembro, 2012)

A segunda: auto retrato no aeroporto de Guarulhos, enquanto aguardo voo para Manaus. Desenho sobre um papel que continha um pequeno estudo escultura. No final sai uma imagem ambígua de uma face masculina com a figura de uma mulher nua. Enquanto desenho escuto a conversa de dois homens na mesa vizinha que me impressiona:

- Veja que beleza (mostra imagem no celular.) Risos.

- Se ela sair da televisão, acabou, né? E como foi?

- Me passaram o contato dela. Aí falamos por telefone, foi meio difícil de acertar. Marcamos, desmarcamos, até que um dia deu certo. Ela depositou R$ 3.000 na minha conta, aí nos encontramos. Tudo tranquilo. Nada de chegar atacando, não.

- Você pegou mesmo? O trato são quatro horas?

- Peguei, fomos devagar. Quatro horas. Brincamos uma hora, nos beijamos... Eu só fui come-la umas duas horas. Aí descansamos. Ela tomou uma ducha, foi dar um telefonema, depois fomos para uma final. Eu não podia ir embora uma hora antes.

- Nossa! Eu ouvi dizer que (fulano) agraciou uma por R$ 6.000 (seis mil), por doze horas...

- Acontece sim.

Deixo aos que me acompanharam até aqui, obrigado pela companhia e atenção.



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