Viajo para
a Bahia. Viagem difícil, mas necessária. Porém, ao descer para o saguão do
prédio, percebo que minha bicicleta foi roubada. Vejo o portão arrombado, o
extintor quebrado no chão, o par de chinelos remendados do ladrão e o espaço
vazio da bicicleta. Chego a ver seu desenho e falta que ela me faz.
Lembrei me do belo filme
"Ladrões de bicicletas", revi por uns momentos aquele drama do
trabalhador que desesperado se torna um ladrão. Faço minhas contas, terceira
bicicleta roubada nos últimos seis meses, cerca de R$ 1.400 cada uma. Engulo o
prejuízo. Vivemos um regime medo e insegurança, por dentro e por fora, das
grandes e das pequenas coisas.
Lembro-me da famosa trilogia de
Kieslowski, especialmente de "a fraternidade é vermelha", daquele
juiz que se vê na impossibilidade de julgar por crimes que ele, se estivesse do
outro lado, possivelmente cometeria... Como julgar? o que leva alguém ao crime?
Falo para o taxista do roubo, ele
diz que "é preciso mais policiamento, Policia na rua, 24 horas!" Sei
não. Como julgar um ladrão de bicicleta e não julgar os ladrões de colarinho
branco que roubam bilhões? As manchetes estão cheias, sabe se quem são eles, o
que fizeram, o quanto roubaram e pouco ou nada acontece. Não raro, eles se candidatam
publicamente a novos cargos políticos e assim, mantém essa política e seus
salários! A esses, venho dando minha resposta, há anos, não voto, não voto em
ninguém! Essa política não tem o meu aval. Ao ladrão de bicicleta só me ocorre
uma palavra: compreensão.
Fotografia: embarque, Rodoviária
de Carapina, Serra - ES, 7:00hs
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