Ter vários títulos, não é um boa
maneira de começar um texto, mas é certamente uma tradução desta Manhã vazia.
Olho alguns desenhos leves. Manuseio os entre os dedos, olhando-os de lado, de
ponta cabeça, na horizontal, na vertical. Curto essas linhas que me trazem um
corpo bonito e que assim, habita essa manhã vazia. Que desejava eu ao fazer
esses desenhos? Que desejo, que sei agora que os observo? Quais os pontos de
coincidência entre esses dois momentos? Entre a mão e olhar? Entre o fazer e o
ver? Chamo-os de desenhos leves, talvez por não ver neles uma intensidade da
arte, por não ver neles o peso de tudo o que gostaria de dizer... Lembro-me de
um texto de Richard Serra, onde ele escreve que, tudo o que ele tem a falar em
arte é sobre o peso. Peso que ele conheceu na infância quando viu um navio
recém construído ser empurrado do estaleiro para o mar. Então, ele viu, ao
entrar na água, aquele bicho pesadíssimo, massudo, com centenas de toneladas,
flutuar, parece perder o peso e deslizar sobre as águas como se fosse leve.
Acho que é essa a imagem que fica quando vemos um navio deslizando no mar,
esquecemos do peso, fica a leveza, fica o navegar.
Ocorre me ter visto em Janeiro,
no Metropolitan, um desenho do Serra de uma simplicidade e leveza e intensidade
admiráveis! Acho que cheguei a perguntar como ele fez isso, mas estava tudo
ali, eu Via como ele fez, simplesmente pegou um retângulo e colocou em
perspectiva, perpendicular ao retângulo do papel, à carvão, tinha até as marcas
dos dedos no papel. Então mudei a pergunta: como ele chegou até esse ponto? Não
me apressei a responder, fiquei desenhando em pensamento, partir dele, até esse
ponto: ...
Aos teimosos que me leram até
este ponto de reticências, obrigado pela atenção, desculpem me os erros e bom
final de semana. Deixo dois "desenhos leves", nanquim, bico de pena
sobre papel, dimensões 25x35cm, 2015
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