terça-feira, 10 de março de 2015

UM VELHO LOUCO POR DESENHO



Aqui estou eu com mais um texto longo para Facebook, mas aos que tiverem tempo convido os para uma pequena viagem. Chega ao final o projeto de exposição itinerante dos desenhos da Amazônia no interior do Espírito Santo. Coincidentemente ao mesmo tempo em que retorno da viagem de residência no Vermont Studio center. Curto esta coincidência e somente agora percebo como elas estão ligadas. Parece que uma anunciava a outra, e olhando assim parece que elas estavam ligadas e anunciadas antes mesmo que eu as fizesse. Elas estavam me esperando, desde quando eu nasci e talvez até antes disso e eu levei cinquenta anos para realizá-las.

Inventei o projeto de viagem à Amazônia para descobrir, desenhar e ver esta grande floresta. Conhecer sua gente, descobrir e inventar paisagens. Foram vinte e três dias de viagem, sendo treze, viajando em um navio da marinha brasileira, seguindo o Rio Negro e o Madeira, de Manaus Porto Velho. Uma viagem trabalhosa, emocionante e grandiosa, tanto que, ao voltar para meu atelier, em Vitória passei a desenhar paisagens. Neste exercício, convidei vários alunos para desenharem comigo e o resultado foi a construção de grandes desenhos (dimensões de até 100x300cm) e, a publicação do livro " A Invenção da paisagem" pelo edital da secretaria de Cultura do Espírito Santo.

Inventei de fazer a residência do VCS para novamente sair do meu lugar, descobrir novas paisagens, desta feita, a paisagem urbana, a convivência com outros artistas, a investigação do que chamamos arte contemporânea e a dedicação de um tempo para isso. UM mês, todos os dias, tempo integral no atelier. Foi uma imersão nas minhas paisagens, desta feita, a Casa do passado". Uma nova floresta diferente e intrincada, uma disciplina militar (ou monástica) de trabalho, o encontro com pessoas apaixonadas. O resultado foi uma avalanche de desenhos e pinturas, uma diversidade de formas e a retomada da pintura à óleo. A paisagem a grafite da Amazônia ganhou tons soturnos, lembrando o romantismo alemão, o interior da casa do passado, me revelou que há luz e vida fecunda no escuro.

Em Santa Maria de Jetibá, faço uma pequena palestra com os alunos de uma escola. Falo dessas duas viagens e como elas me tocaram e me transformaram. Entrego me às lembranças e aprendizados que delas trago e convido-os a desenharem, cantarem suas cidades e, viajarem para viver. O auditório cheio escuta em silêncio a voz emocionada de "um velho louco por desenho", como assinava um velho Mestre japonês’. Volto para casa com a sensação de que comuniquei alguma coisa, uma emoção. Isso me traz um certo conforto.

Aos teimosos, obrigado pela atenção e desculpem os erros. Deixo aqui duas imagens de celular das duas exposições: Viajamos para viver em Santa Maria de Jetibá e open Studio no Vermont Studio center. Ambas em realizadas em fevereiro 2015.Abraços


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