Já sentado no trem, vejo pela
janela que a neve começa cair em Boston, conforme previsto. Assim foi o dia em
que cheguei aqui e assim é este momento em que retorno ao Brasil. O que aprendi
com a neve? Aprendi a dizer com a voz de Mario de Andrade: meu Deus como ela é
branca! Curti mergulhar nessa brancura, desenhei com ela e me encantei em saber
como ela é formada.
Explico: No retorno de Vermont
para Boston, passei na cidade de Jericho e conheci o trabalho do fotógrafo
Wilson Bentley que durante anos fotografou flocos de neve individualmente e
descobriu que cada um deles tem uma forma única! Numa série de negativos, cerca
de 5.000, ele registrou imagens, de rara beleza, desse elemento ínfimo, leve e frágil
que é o floco de neve. E descobriu para nós que o desenho de cada um é
diferente do outro, cada um tem uma forma e, mais, forma s surpreendentes! Uma variação
incontável de rosáceas inscritas dentro do círculo, do hexágono, desenhadas
como que à mão - bordadas no veludo escuro que ela usava como fundo para
fotografar.
Vi poucas imagens, mas o suficiente
para me encantar mais ainda com a neve e com toda a natureza! Precisava que
cada floco fosse um desenho individual? E no mesmo formato, circular,
hexagonal? Como criar tanta diferença em um formato tão limitado? Como o
diferente, o novo pode acontecer tão naturalmente, sem esforço?! E nós que nos
esforçamos tanto para sermos diferentes! Será? Será natural, será cultural? Ai
me vem a voz da minha querida psicóloga mineira Simone, que me disse uma vez, e
eu nunca esqueci, 'que a agente não se esforça para ser diferente, que a gente
se esforça para ser parecido, igual', que o diferente, o novo, vem sempre, a
gente é que não consente... É para ficar pensando, não é mesmo? Mas por que
estou dizendo isso? Não sei, acho que ainda estou tocado com as, imagens de
Wilson Bentley e acho que vocês ficariam também, vejam e me digam, snow flakes
bentley, e, se possível postem aqui, vamos falar sobre isso! Como artista acho impossível
ver algumas dessas formas e não desenha-las em algum momento.
Mas o que eu queria dizer é que
curto muito a neve neste momento de partida. Fui recebido com o beijo leve
desses milhares de pontos, conheci um pouco das suas formas e parto com eles.
Espero vê-los de novo e senti-los na mão. Bonita despedida, na boca da noite!
Minha mente se enche de imagens e
a noite se fecha. Estar juntos. Get together. Comentei no post anterior o 'get
together' que fizemos na casa da minha amiga Luca e que fiquei entusiasmado em
fazer um em Vitoria, na verdade, até já liguei para minha galerista e ela
topou! Portanto, aos teimosos aí da região, vamos nos juntar na Galeria Via
Thorey? Espero escontra-los ainda nessas vira voltas do Facebook. Acho que
podemos muito bem fazer uso deste instrumento para discutir ideias, criar
ideias e estar juntos. Agradeço a todos pela atenção, teimosia e calor. Deixo
algumas imagens do get together realizado em Bemont – Massachusetts.
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