Aqui estou eu
com mais um texto longo demais para face book, mas se você é teimoso ou
teimosa, convido-o (a) para tomar uma cerveja. Entro em um bar nada ver. Talvez
por ser próximo de casa e ser fácil de ir embora. O que vim fazer aqui? Passar
tempo e tentar continuar a reflexão do post anterior, sobre o que me inspira.
Falei de tempo, ficou faltando motivação. Sentar em um bar me inspira? Há tempo
venho pensando que escrever, desenhar é uma tarefa que se faz em todo lugar, no
quarto, na sala, no ônibus, no bar e até fazendo amor. As vezes esses lugares
barulhentos me inspiram, olho tudo e nada me prende. Estou só e com todos. Na
verdade essa boca de noite me inquieta, isso me leva a escrever. Os pensamentos
chegam em tantas linhas que é bonito vê-los como desenho. Engraçado é que eu
estava com um grupo de amigos em uma exposição, saí e vim para cá, para esse
lugar inesperado. E aqui estou sozinho, tentando encontrar o fio da meada com
você que me lê. A esperança é que saia um texto que valha alguma coisa, que nos
cause uma sensação, uma emoção, uma alegria, uma inquietação. Essa promessa é
uma motivação.
Prefiro não tentar definir
motivação. Acho que todo mundo sabe ou tem uma definição do que seja motivação.
Acho que posso dizer que é tudo que leva a uma satisfação. Algo entre o
biológico e o cultural que nos move, nos leva a sair da inercia, a correr risco,
a suar, a movimentar, a construir histórias, construir cultura. Algo da ordem
da pulsão de vida, conforme Freud, que nos impulsiona, nos move, nos tira da
inercia, da morte.
Neste período de residência
artística no Vermont Studio Center vivi intensamente esta experiência de ter
tempo e de estar disponível para aquilo que dispunha a fazer. Ter tempo me
motivou, mas junto a isso estava também todo o ambiente: as acomodações, os
materiais, as programações previstas e realizadas, a qualidade dos diálogos estabelecidos
e toda minha história e desejo de trabalhar arte. O coletivo é sempre forte e
motivador, se aprendemos a trabalhar com ele a coisa acontece.
Na mesa à minha frente um casal
se beija longamente, beijo de cinema. As outras pessoas da mesa conversam
disfarçadamente mais para não se pegarem olhando para o beijo privado e público
do que por terem assunto. Pouco depois, outro casal da mesma mesa, que mantinha
conversa animada, também se beija. Pouco depois todos se vão, Por último, os
dois casais que se levantam e entram em seus carros e partem noite a dentro.
Termino de beber a cerveja e peço água. Faço com eles a mesma pergunta que
coloquei no início deste texto: o que os inspiram, ou os motivam. Não há
resposta definida, mas certamente é o mesmo que me leva a ficar aqui neste bar
e digitar no celular este texto.
Bem, fico por aqui, aos teimosos
e teimosas, obrigado pela leitura. Desculpem-me os erros. Sempre tento revisar
e corrigir, mas acho que sou mesmo incorrigível!
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