Aqui estou com mais um texto longo para Facebook e de pouca valia... Último dia de trabalho no atelier da Jill. Cheguei cedo p desenhar o máximo de tempo possível. Ela me trouxe lanche para que não precisássemos sair para almoçar. Conversamos bastante, tentando compreender nossos próprios processos de trabalho e este projeto colaborativo. Ela diz que está sendo muito importante p ela, porque ela estava cansada do próprio trabalho e que este desafio a fez mudar e redescobrir a colagem e novas vias para sua pintura. Pergunta me se está sendo importante para mim e como, desconfiada de que minhas formas, meu trabalho não tenha mudado muito.
Realmente a importância para mim em nossa pesquisa colaborativa não está na mudança de formas, mas no processo ele mesmo, no convívio com outra pessoa, na possibilidade de uma nova inserção, no desapego da autoria, na curtição das formas plásticas construídas juntos e numa convicção, mínima que seja, de uma via poética pautada por formas simples e pela comunhão entre a geometria e o não geométrico.
JILL Moser tem uma carreira artística consolidada. Embora inquieta e interessada em novas formas e experimentações, tem um vocabulário formal definido e, acho que posso dizer também ela tem uma opção estética ligada ao minimalismo. Quanto a mim, os anos passam e eu me sinto meio camaleão. Será que tenho um 'estilo'? Será que tenho um vocabulário próprio? Mudo tanto de forma que as vezes me incomoda. Contudo, olho para traz e vejo uma estrada, torta, mas que leva-me a mim. Lembro-me de Rodrigo de Castro me falando no bate-papo na galeria Via Thorey, citando Amílcar, 'o importante é a gente olhar para dentro da gente...' algo simples mas fundamental. A sinceridade em nosso trabalho é a nossa salvaguarda, pois nas constantes crises e contradições do Brasil, vivemos mais p competir do que p contribuir.
Identifico três passos nessa pesquisa colaborativa com JILL, a primeira (1) com a gravura em VSC, quando trabalhamos juntos misturando as formas, desmanchando, criando como permite a monotipia, a segunda (2) com os desenhos em papel filtro que não permite desmanchar e apareceu a colagem, foi quando discutimos criar livros e imbricar textos e formas, a última (3), quando passamos a trabalhar com Folha de papel dobrada, cada um fazendo um lado, como se fosse um díptico.
Acho que o trabalho cresceu com isso. Assim podemos ter uma certa individualidade, dialogar com as formas que o outro propõe e principalmente, discutir o espaço que é elemento fundamental para nós. Esse terceiro passo nos faz olhar para os outros dois e, de certa forma corrigi-los. Acho que agora temos um caminho mais ou menos definido, que podemos seguir com certa 'promessa de felicidade', e estamos seguindo. Contudo, para mim, o segundo momento é emblemático, pois é onde aparecem mais problemas, mas por outro lado é o que da mais pistas para novos trabalhos.
ÀS 17:00hs despedimos nos com sentimento bom da convivência crítica, generosa e bem humorada no atelier. Lembrou-me o título de uma de nossas bienais: é possível viver juntos. Sigo para a Pen Station, encontro o ponto de ônibus ao lado do prédio dos Correios, na 31St. Entre a 8 e 9 Av. Espero uma hora. Sigo viagem para Boston.
Aos que me acompanharam até aqui agradeço a atenção e o tempo, acho que o papo ficou árido. Que fazer? Pelo menos avisei. Amanhã já sabe, não entre nessa! Deixo uma imagem de cada um dos momentos que falei acima. Um abraço.
1- primeiro momento em VSC 2-desennhos em papel filtro e de arroz, enviados pelos,
3- da série de desenho feita no atelier da Jill, estes dias.
1- primeiro momento em VSC 2-desennhos em papel filtro e de arroz, enviados pelos,
3- da série de desenho feita no atelier da Jill, estes dias.
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