sexta-feira, 5 de junho de 2015

O BEM O BELO O JUSTO

Manhã nublada. Parece segunda mas é sexta feira. Aqui estou com mais um texto longo para Facebook, mas se você tiver interesse vamos fazer viagem no tempo. Recebo uma mensagem in box de uma leitora, colega que ficou tocada com meu texto TEMPO TEMPO. Ela escreve "faço mestrado Ciências na Educação, estou gostando pelo fato de estar envolvida numa fonte de estudos muito rica de conhecimentos, conhecendo Paulo Freire, Edgar Morin, Montessori, etc. Vejo você envolvido e buscando na prática cada vez mais no campo da arte, ai me balança e me faz questionar se devo continuar estes estudos. (....) " pois ai vem a pergunta, com que tempo? E ela conclui dizendo q consegue tempo para tantos afazeres mas não para o que mais lhe dá prazer, que é fazer arte. Termina num Tom de revolta: "Algo está mal disciplinado e precisa ser resolvido. Desculpe-me pelo desabafo e apelo de ajuda. (...) não quero esperar a aposentadoria para dedicar no que mais me dá prazer"
Estou com ela e, certamente não somos apenas dois. Ah, fosse eu jornalista ou cronista dedicaria com prazer toda essa manhã a esse tema, porque o tempo nos afeta profundamente, estamos nele, e de alguma forma somos fruto dele. O tempo é certamente o grande fundamento da arte, pois nele está a questão da finitude, nele se verifica as questões do grande quadro de Gauguin: onde estamos, de onde viemos, para onde vamos?
Certa vez ouvi de Amílcar de Castro que o tempo e o espaço são fundamentais. Ele insistia: "o tempo e o espaço importa a todo mundo, ao presidente, ao professor, ao motorista do ônibus, ao estudante". Desde então o tempo de estudante aguardo está colocação dita em uma aula de desenho. Até então eu não sabia que podia ou q estava a desenhar estas categorias e, que o tempo e o espaço no ou do desenho não eram somente questões abstratas, intelectuais, mas tocavam nossa vida cotidiana. O tempo para o motorista o tempo para o estudante... Como administrar o nosso tempo? Esta é questão que se coloca, porque de repente o tempo passa e nós ficamos com sensação de que o perdemos. Então falamos de aproveita-lo, aproveitá-lo ao máximo, aí surgem as várias maneiras de direcionarmos nossas vidas, de elegermos o que consideramos importante, necessário ou melhor ainda, essencial.
As vezes me pergunto, o que seria essencial para mim? Quanto será o tempo de vida que terei? O que gostaria realmente de fazer? Aí vem a ética deste questionamento: o que quero, o que devo, o que posso fazer. Isso demanda estratégias, porque se acontece de querer algo, mas que não posso realizar ou não devo? Ou Vice e versa?
No desabafo da minha colega vemos todas essas questões relativas ao tempo e espaço. Enchemos nos de coisas a fazer, temos o nosso tempo todo ocupado e nos falta tempo. É uma contradição, pois tempo é o que mais existe no universo, Como pode ele nos faltar?
O queremos com tantos a fazeres? Poder, dinheiro, sobrevivência, potência, serenidade, felicidade? Um filósofo americano que gosto muito diz que a felicidade está no movimento, na busca p sair de um lugar de insatisfação para um lugar de satisfação.
Não estou na posição para dar conselhos, mas acho que é por aí: perguntarmo-nos o que nos importa, o que faz felizes e agir, buscar sair desse lugar de insatisfação para o de satisfação. Não esperar a aposentadoria. As vezes nos filiamos a tantas coisas, tantos cursos, tantos desejos como se eles fossem o caminho. Na arte o caminho é ver, é sentir. É estar no que se está fazendo e não ficar pensando em outra coisa. Como dizia o bruxo de Castañeda, sempre que entrarmos em lugar devemos nos perguntar, esse lugar tem coração? Ou nosso coração está aqui? E assim traçarmos um equilíbrio possível. Porque há muitas lutas muitas tarefas, muitos afazeres e não podemos travar todas, mas sinceramente a que nossa sensibilidade se adequa. Aí talvez possamos realizar aquele ideal da estética grega, do qual somos filhos: o bem, o belo, o justo. Amílcar de Castro que, era jurista e migrou para a arte dizia que quando realizava uma boa escultura estava sendo jurista, e quando realizava um ato justo estava sendo escultor. ...A proposito está acontecendo uma exposição dele no Museu da vale, Vila Velha - ES, contando inclusive com alguns dos seus poemas.
Fico por aqui, aos que me seguiram até, obrigado pelo tempo, aqui deixo também um tanto do meu e meu abraço!

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário