Aqui estou eu mais
um texto muito longo para o Face, mas quem tiver paciência, vamos lá. Como era
de se esperar, teve festa final de semana no prédio principal do VSC, talvez
por isso se escuta mais vozes no grande corredor do prédio Wolf kahn, onde fica
vários atelieres e onde está o meu. O convite foi feito na hora do almoço e a
maioria aderiu. Em meio a tanta neve e, trabalhando tão seriamente já estava me
perguntando onde estava o calor, a explosão, as risadas. Dancei um pouco
desajeitado em meio a tanta gente jovem, admirado em ver como os anos passam,
eu passo dos cinquenta e ainda não visto bem a capa desta idade. Como é envelhecer?
De um lado, ganho, porque estou vivendo, sentindo e vendo esta transformação,
de nostalgia do que passou, daquela energia, que talvez não tenha sido tão bem
aproveitada. Estou no meio campo, as vezes o corpo não está onde a cabeça está,
mas ele é mais concreto do que os pensamentos e os desejos, aliás sem corpo não
há pensamento nem desejo. É o tempo da esperada maturidade, ela aparece e
certamente contribui para eu me sentir bem aqui, mas no fundo, as inquietações,
as incertezas da juventude aparecem também, aqui e ali. Na maioria das vezes me
pergunto onde é o meu lugar, ali mesmo na festa a pergunta vem.
Vou à festa para
não ficar no quarto, para me entrosar mais com as pessoas, para relaxar, para
me divertir, para aprender a ir, a estar em festa. Vem me à mente as muitas
festas que perdi de ir as festas no tempo de faculdade, em Belo Horizonte. Primeiro
estudei teatro no TU (teatro universitário da UFMG), nunca conheci um pessoal
mais festeiro e no entanto eu não ia festas da turma. Simplesmente não sabia
ir, dizia que não gostava. Outras vezes minha amiga Neide, que atualmente mora
em Ouro Preto me convidada, vamos pra festa baianinho, mas eu recusava dizendo
que não ir ser feliz lá. Uma vez me chamaram para jogar bola na moradia
estudantil Borges da Costa, mas eu recusei, dizendo que ía cuidar da vida,
então a Celinha, estudante de comunicação, que tinha linga afiada me respondeu:
mas jogar bola é também cuidar da vida. Nunca me esqueci deste recado. É isso
aí, fazer festa é também cuidar da vida. Tempos depois entrei em aula de
gafieira, tango bolero, para aprender a ir em festas. Um dia aprendo.
Vejo um grupo de
artista residentes na faixa da minha idade sentados nos sofás em torno da
televisão, tomando vinho; junto-me a eles e enfrento a difícil tarefa de ouvir,
falar inglês. Na maior parte do tempo fico quieto, mas não me nego à conversa,
pergunto what does it mean? E ganho mais uma reprise e mais um tempinho para
compreender. Estar em uma língua que não é sua e na qual você fala tateando é
uma experiência e tanto. Já tive esta experiência quando morei na Alemanha e na
França, mas nesses dois lugares tive mais tempo e cheguei lá mais preparo em
termos de conhecimento da língua, aqui sinto uma dificuldade enorme, as vezes
não compreendo nada, nem uma simples frase como: do you have a break? Falada no
corredor, imagine as discussões mais demoradas e os momentos de leitura com os
escritores! Ai, ai. Nesse meio tempo vem se sentar no sofá o jovem Rosa, escritora
inglesa. Descubro que ela mora em Paris, então digo ah, então você fala francês!
bien sur, ela responde, mois aussi, eu digo... Então passamos a falar em francês,
embora eu tenha perdido a pratica. Nesse momento ela pode falar como sentiu e
viu o meu trabalho mostrado no primeiro de slide show, diz gostou muito, aponta
alguns elementos e, se interessou em ver mais trabalhos meus, marcamos uma
visita no studio de pintura
Esta semana se dá o
valentines day aqui (dia dos namorados) e todos são convidados a fazer cartões
com colagem. Junta-se um grupo na sala de modelo vivo, todos cortando,
costurando, rasgando papel e colando. Junto-me a eles, Rosa já comentou com
alguns que eu falo francês, então aparece mais gente querendo falar francês
comigo, vira uma confusão. Na colagem, decido continuar com meu trabalho de
fotografia-colagem com algumas xerox feitas aqui. É um novo passo na série
"Reverso" que já venho desenvolvendo deste o ano passado. Depois
falaremos mais destas imagens, esse texto já esta deveras longo. Aos teimosos que me leram ate aqui, desculpe os erros e obrigado,
fica o meu abraço. Boa noite, voa noite.
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