sábado, 21 de fevereiro de 2015

VIAJAR, DESENHAR ESCREVER, FOTOGRAFAR...

Aqui estou eu com mais um texto longo para Facebook mas quem tiver paciência e interesse, vamos lá. 

Volta a nevar novamente em Vermont. Olho pela janela e vejo o que eu sabia que ia ver, a neve. Da um sentimento quase de despedida. Sua beleza é por assim dizer, quase triste. 'E também por isso gosto de experimentá-la, senti-la no rosto e até mesmo desenha lá. Nunca desenhei a neve antes, como também nunca tinha desenhado paisagem até viajar pela Amazônia, mas de repente 'e como se as tivesse desenhado. Tem razão o velho Goethe em dizer que 'não viajamos para chegar, viajamos para viver'. Mas o que é viajar? O que fazer viajando, como viajar? Bem, podemos viajar para encontrar familiares, fazer turismo, estudar, negócios, etc. Durante minha juventude e até há alguns anos, eu dizia que não gostava de viajar, com efeito não sou um viajador. Viagem da trabalho, é caro, tem riscos, desconforto, então porque fazer? Está aí a resposta do velho Goethe. Eu, depois de velho acho que afirmei melhor o gosto e interesse por viajar, então acho que posso dizer que viajo para desenhar, fotografar, escrever (como faço agora) enfim, criar imagens. Esta perspectiva ou esta paixão foi, talvez o que me fez ter a ideia de levar um ônibus de alunos do curso de artes da UFES a São Paulo para ver museus e galeria há dois anos atrás e estabelecer que ninguém levasse Câmara fotográfica. Deveriam levar, isso sim, um diário gráfico, caneta e lápis para que tudo o que vissem e se interessassem a anotar ou dizer que o fizesse desenhado. Foi uma grande, aventura apesar dos protestos de alguns. Desenhamos no albergue, em bares, na rua, um desenhou também no caderno do outro e assim por diante... Há uma imagem que não me esqueço: a de um grupo desses alunos desenhando, em pé na avenida Paulista um conjunto de músicos tocando jazz. Não é apenas a imagem mas aquele movimento: estávamos lá ouvindo os músicos de repente um dos estudantes puxa seu caderno e começa a desenhar, e outro segue, mais outro, mais outro... Bonito de ver, a ponto do próprio ato de desenhar ali, naquela hora da noite se tornasse tão atraente quanto os músicos. Aquilo foi uma performance de desenho, um Prática verdadeira do desenho, algo que estimula e transgrida a moção do aprendizado do desenho como coisa de sala de aula, a ser feita em lugar confortável, arejado com cadeira e mesa ou quando se está inspirado, com vontade, etc. Não desenhar envolve riscos, viajar também, mas para o artista viajar é o caminho desenhar, o objetivo

Nas eu comecei esse texto para falar da neve e que hoje saímos para fazer snow shoe, caminhar neve, seguindo uma trilha na em torno da Cidade de Johnson. Para isso tivemos que alugar uns 'sapatos' especiais, uma espécie de esqui comprido e largo que permite pisar na neve e não afundar. A maioria dos artistas n'ao foram, ficaram nos studios trabalhando, para vocês verem a tara para se trabalhar aqui. Fomos de carro até uma certa altura, lá colocamos nossas pranchas e fomos andando que nem patos neve a dentro. La no fial encontrei o pintor, fundador do Vermont Studio Center e esposa, as senhora do tai chi também com seu esposos e filhos e outras pessoas da cidade. 'E um esporte valorizado aqui. A princípio, mesmo com luvas minhas m'aos doíam, mas ao final de quase duas horas de caminhada, pude tira-las e fotografar tranquilamente. Fiquei surpreso com isso que o frio que sinto na mãos passasse assim. Quando fui entregar o equipamento e pagar o aluguel dos mesmo a funcionaria responsável (U$ 20,00 - vinte dólares), ela não recebeu, disse que era seu convidado, gentileza, não? E anunciou que podíamos ficar com o equipamento até segunda, para se quisermos andar na neve no final de semana, possamos faze-lo, Pensei em devolve-los ali na hora, porque não creio que vou andar na neve sozinho. Uma coisa que me dá um certo medo e andar por lugares ermos sozinho.  Posso até conhecer o lugar, mas se espaço é amplo e tem aquele ar de imensidão, o medo bate. Será algo da infância?

 Bem, agradeço aos teimosos que me acompanharam até aqui e explicou que terminei de corrigir esse texto em um computador que não tem acentos. De qualquer forma desculpem os erros. Amanhã falarem de arte e talvez do medo que aqui hoje apenas citei. Deixo uma fotografia para vocês curtirem, a cena me lembrou uma tela de Bueguel. Abraços.


Snow shoe com a turma da residência.

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