Aqui estou eu com mais um texto longo para Facebook
mas quem tiver paciência e interesse, vamos lá.
Volta a nevar novamente em Vermont. Olho pela
janela e vejo o que eu sabia que ia ver, a neve. Da um sentimento quase de
despedida. Sua beleza é por assim dizer, quase triste. 'E também por isso gosto
de experimentá-la, senti-la no rosto e até mesmo desenha lá. Nunca desenhei a
neve antes, como também nunca tinha desenhado paisagem até viajar pela
Amazônia, mas de repente 'e como se as tivesse desenhado. Tem razão o velho
Goethe em dizer que 'não viajamos para chegar, viajamos para viver'. Mas o que
é viajar? O que fazer viajando, como viajar? Bem, podemos viajar para encontrar
familiares, fazer turismo, estudar, negócios, etc. Durante minha juventude e
até há alguns anos, eu dizia que não gostava de viajar, com efeito não sou um
viajador. Viagem da trabalho, é caro, tem riscos, desconforto, então porque
fazer? Está aí a resposta do velho Goethe. Eu, depois de velho acho que afirmei
melhor o gosto e interesse por viajar, então acho que posso dizer que viajo
para desenhar, fotografar, escrever (como faço agora) enfim, criar imagens.
Esta perspectiva ou esta paixão foi, talvez o que me fez ter a ideia de levar
um ônibus de alunos do curso de artes da UFES a São Paulo para ver museus e
galeria há dois anos atrás e estabelecer que ninguém levasse Câmara
fotográfica. Deveriam levar, isso sim, um diário gráfico, caneta e lápis para
que tudo o que vissem e se interessassem a anotar ou dizer que o fizesse
desenhado. Foi uma grande, aventura apesar dos protestos de alguns. Desenhamos
no albergue, em bares, na rua, um desenhou também no caderno do outro e assim
por diante... Há uma imagem que não me esqueço: a de um grupo desses alunos
desenhando, em pé na avenida Paulista um conjunto de músicos tocando jazz. Não
é apenas a imagem mas aquele movimento: estávamos lá ouvindo os músicos de
repente um dos estudantes puxa seu caderno e começa a desenhar, e outro segue,
mais outro, mais outro... Bonito de ver, a ponto do próprio ato de desenhar
ali, naquela hora da noite se tornasse tão atraente quanto os músicos. Aquilo
foi uma performance de desenho, um Prática verdadeira do desenho, algo que
estimula e transgrida a moção do aprendizado do desenho como coisa de sala de
aula, a ser feita em lugar confortável, arejado com cadeira e mesa ou quando se
está inspirado, com vontade, etc. Não desenhar envolve riscos, viajar também,
mas para o artista viajar é o caminho desenhar, o objetivo
Nas eu comecei esse texto para
falar da neve e que hoje saímos para fazer snow shoe, caminhar neve, seguindo
uma trilha na em torno da Cidade de Johnson. Para isso tivemos que alugar uns
'sapatos' especiais, uma espécie de esqui comprido e largo que permite pisar na
neve e não afundar. A maioria dos artistas n'ao foram, ficaram nos studios
trabalhando, para vocês verem a tara para se trabalhar aqui. Fomos de carro até
uma certa altura, lá colocamos nossas pranchas e fomos andando que nem patos
neve a dentro. La no fial encontrei o pintor, fundador do Vermont Studio Center
e esposa, as senhora do tai chi também com seu esposos e filhos e outras
pessoas da cidade. 'E um esporte valorizado aqui. A princípio, mesmo com luvas
minhas m'aos doíam, mas ao final de quase duas horas de caminhada, pude
tira-las e fotografar tranquilamente. Fiquei surpreso com isso que o frio que
sinto na mãos passasse assim. Quando fui entregar o equipamento e pagar o aluguel
dos mesmo a funcionaria responsável (U$ 20,00 - vinte dólares), ela não
recebeu, disse que era seu convidado, gentileza, não? E anunciou que podíamos
ficar com o equipamento até segunda, para se quisermos andar na neve no final
de semana, possamos faze-lo, Pensei em devolve-los ali na hora, porque não
creio que vou andar na neve sozinho. Uma coisa que me dá um certo medo e andar
por lugares ermos sozinho. Posso até
conhecer o lugar, mas se espaço é amplo e tem aquele ar de imensidão, o medo
bate. Será algo da infância?
Bem, agradeço aos teimosos que me acompanharam
até aqui e explicou que terminei de corrigir esse texto em um computador que não
tem acentos. De qualquer forma desculpem os erros. Amanhã falarem de arte e
talvez do medo que aqui hoje apenas citei. Deixo uma fotografia para vocês
curtirem, a cena me lembrou uma tela de Bueguel. Abraços.
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