Aqui vou eu com mais um texto
longo demais para face book, mas aos que tiverem paciência, vamos lá. Em 2012
embarquei em um navio hospital da Marinha Brasileira para uma viagem que ao
todo durou 20 dias, pela Amazônia, com o propósito de ver, de descobrir e
desenhar os diversos cenários daquela paisagem. O resultado desta viagem está
nos dois pequenos livros publicados recentemente: "Viajamos para
viver" "A Invenção da paisagem". Mas o que eu gostaria de dizer
aqui que até então eu nunca havia desenhado paisagem. Embarquei naquele
navio, como descrevo no livro me perguntando "o que desenhar? Como
desenhar? Gostaria de dar um passo à frente, mas vou um pouco atrás. Lanço mão
de uma via tradicional, o desenho de observação ao natural, esquecendo-me da
minha pintura e desenho individual (...) vem-me à mente que observar paisagem é
observar algo além de mim, é sair de mim mesmo para ver algo bem maior e mais
forte do que eu" ... A natureza. Esta viagem marcou a minha descoberta da
paisagem, que continua em até hoje, pois Vim para esta residência com intuito
de desenvolver e aprofundar a série: "A Casa do passado" e de entrar
nesta casa. Com efeito estou fazendo isso, abrindo portas, entrando nos espaços
desta casa, deixando a luz entrar pela janela e iluminar seus vãos, minha
expectativa é a de que, entrando na casa poderei colocar nela todo meu
pensamento de arte, todas as diferentes formas e séries que faço. Mas neste
movimento redescubro a paisagem, ou melhor estas paisagens - distantes,
misteriosas, como me disse Dwan, escritora residente neste momento no Vermont.
Enveredo por elas com encantamento, talvez a mesma impressão que muitos de vocês
tiveram, quando viram o desenho postado ontem, conforme me comentaram.
Quando terminei aquele desenho eu
sorri, entre espantado e admirado, e quase perguntei, como fiz isso? Quis
escrever um post naquele, mesmo instante, a fim de conversar com vocês, mas
estava por demais envolvido, por demais contente com o trabalho, de maneira que
preferi sorrir. Pois, como lembra Tom Zé elogio em boca própria é vitupério.
Nunca desenhei paisagens, mas é
com se sempre as tivesse desenhado. Digo isso, lembrando-me de Fernando Pessoa,
O Guardador de rebanhos: "Nunca guardei rebanhos, / mas é como se os
guardasse. / Minha alma é como um pastor, / conhece o vento e o sol, / e anda
pela mão das estações/ a seguir e a olhar. /Toda a paz da natureza sem gente /
vem sentar-se ao meu lado" Lindo não é mesmo? Repitam comigo: nunca
guardei rebanhos, mas é como se os tivesse guardado... Silêncio... tem poesia
nesse silencio...
Fico por aqui. Grande abraço a
todos que me seguiram com paciência e benevolência. Deixo aqui segundo desenho
desta série que, será exposta em maio na galeria Via Thorey, desde já, estão
convidados. Boa noite. Voa noite.
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