sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Último texto último café in Vermont


Aqui estou eu com mais um texto longo demais para Facebook. É apenas um conversa com meus pés, com meus olhos, longa e sem interesse, por isso aviso: não perca o seu tempo! Mas  se você teima em fazer? Vamos lá.

ULTIMO CAFE, último olhar sobre Jonhson, inclusive último texto escrito aqui, mas p quem pegou o hábito de acompanhar esta conversação, haverá outros a partir das impressões que tomei nota. Please keep in touch, como eles dizem aqui. Esta é frase que mais ouvi e também falei nessas últimas horas. Keep in touch. A outra é, stay warm. De repente, mas não tão de repente assim somos 60 residentes, artistas plásticos e escritores dizendo mantenha contato, mantenha se aquecido. O frio se foi, ficou o calor, apesar da baixa temperatura.

PERTO DO MEIO DIA vou ao Arts suplies para minha última compra, papel para uma série de desenho e texto "Convite", mas não apenas isso, o Michael, dono do estabelecimento, foi tão legal comigo, me atendendo com paciência,  dando descontos que eu não sabia que existia  aqui, que eu não podia partir sem lhe dizer Good bye. Levei uma aquarelinha na mão, ele viu e falou que lindo! Eu respondi: Que bom que você gostou, trouxe a para você! Ele não acredita quer pagar. Disse que é a primeira vez que um residente lhe traz um presente assim! E acrescenta que vai colocar lá no quarto da "inspiração." Faço minha pequena compra, Mas não tem jeito dele aceitar o pagamento. Nos abraçamos forte como se quiséssemos estender no tempo aquele momento e dissemos keep in touch!

A SEMENTE PLANTADA pela Artista nova-iorquina Jill Moser, de fazer trabalhos colaborativos começou  dar frutos. Primeiro ela havia me sugerido fazer um collaborative work com Hoda, (artista iraniana, aquela cuja pintura já Tinha gostado e falado aqui, pensei puta que pariu que olho bom!), depois ela própria me convidou para fazer com ela um trabalho conjunto de gravura. Como fazer, é novo para mim! Vamos tentar! Chegamos ao Studio de gravura, preparando as tintas, tateando, perguntei como você gosta de trabalhar? Ela respondeu: fast! Com um sorriso! Saquei, bateu comigo, fast mas não descuidado, não apressado. Trabalhamos a tarde toda. Descobrimos um caminho e o trabalho andou. Foi aí que descobri que, de certo modo, tenho feito isso com alguns alunos em meu atelier, desenhando paisagens juntos, no contexto do ensino e aprendizagem de arte, projeto que quero  continuar em duas vias: "Paisagens do espírito" e " Paisagens dos outros". Vamos ver.

Mas o fruto do trabalho colaborativo a que me referi acima é que convidei três artistas para fazermos trabalhos colaborativos: Hoda kashiha, Gretchen Shrerer e Celia Jonhson. O trabalho delas aparecem no open Studio II. Este é o postulado para este ano, estou levando vários trabalhos delas, vamos ver como ficam, por hora vamos keeping in touch.

NOITE. À noite pretendia sair para um café, desenhar e escrever em um café, mas não fui. Sai apenas duas noites aqui. Não vi a cidade direito, de certa forma, fiz o que Proust falou a 'arte de se prender em um quarto' Praticamente todo o mês dentro daquele quarto (Studio) e foi grande, foi extraordinário! Mas queria dar um último olhar para esta cidade acolhedora que eu não cheguei a conhecer. Os estúdios começaram a se fechar e o hall de entrada do nosso prédio começou e se encher de pacotes a serem levados por transportadoras, fora os que seguem pelos Correios! Foi o dia inteiro embalando trabalhos! A noite no jantar eu sentia o peso do último dia.
Sentia que a grande viagem chegava ao fim. Lembrei-me da viagem que fiz à Amazônia em 2012, dos desenhos e dos textos que fiz lá. La, quinze dias em um navio militar, para olhar para fora, ver, desenhar e fotografar a floresta e sua gente, aqui, um mês para olhar para dentro, ver desenhar e pintar o que penso, sinto em arte. Duas viagens tão diferentes e tão conectadas, parece- me uma me levou a outra! Pareceu-me que eu sentia mais do que todo mundo essa sensação de fim, por isso e, Pela qualidade do encontro, no café da manhã, tomei palavra e disse: se algum dia, algum de vocês forem ao Brasil, saibam que meu Studio é de vocês! Todos curtiram a ideia! What a Beautiful offer! A noite comecei a receber cumprimentos: minha casa em Colônia é sua, minha casa em New York é sua…. Muitos se reuniram no sótão para beber e conversar, eu fiquei um pouco e saí para uma última e pequena volta pela cidade. Pisei a neve macia e disse adeus. Olhei meus sapatos no meio do branco e me lembrei: a neve não traz somente o frio, traz também o espanto.

Escrevo este texto no ônibus e pelo Celular, aos teimosos que acompanharam até aqui, desculpem os erros, a bagunça de sensações e obrigado pela companhia. Bom dia!!

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